Saudade é um sentimento de falta, de cheiros, de pessoas, de momentos e
tempos passados. São tempos que não irão voltar mais e que, por mais que esteja
realizado, irá sentir saudades de algo. Uma pessoa pode não amar, não odiar,
não ser alegre e nem triste, mas sente saudades. É um sentimento que todos, sem
exceção, irão sentir. Sentir saudade doí, e como doí. Um vida é composta de erros,
acertos e saudades.
“Trancar o dedo numa porta dói.
Bater
com o queixo no chão dói.
Torcer
o tornozelo dói.
Um
tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói
bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói
cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o
que mais dói é a saudade.
Saudade
de um irmão que mora longe.
Saudade
de uma cachoeira da infância.
Saudade
de um filho que estuda fora.
Saudade
do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade
do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade
de uma cidade.
Saudade
da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem
essas saudades todas.
(…)
Saudade é não saber mesmo.
Não
saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não
saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não
saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não
saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade
é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não
saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por
isso...
É não
querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade
é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.”
Martha Medeiros